quinta-feira, 9 de maio de 2013

A MORTE DE UM LÍDER





José Ibrahim ficou conhecido nacionalmente quando, aos 21 anos, em 1968, em plena ditadura militar, liderou uma das maiores greves de metalúrgicos já realizadas no Brasil, antes mesmo do surgimento de Luiz Inácio Lula da Silva, que só começou a comandar paralisações da categoria no fim da década de 70. Em 1968, Ibrahim era diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, que lutava por melhores salários. Mas foi no dia 16 de julho do ano seguinte que o movimento fez história: Ibrahim e sua turma resolveram parar todas as metalúrgicas da cidade e ocuparam as instalações da Cobrasma, uma das mais importantes fábricas de São Paulo. Depois, outras grandes empresas, como Barreto Keller, Braseixos, Granada, Lonaflex e Brown Boveri tiveram suas atividades paralisadas e foram ocupadas pelos grevistas.
Os militares reagiram, decretaram a ilegalidade das greves e prenderam 60 líderes, que foram levados para o Dops paulista, onde foram torturados. Ibrahim foi demitido sem receber qualquer direito trabalhista.
Começou aí a sua vida na clandestinidade. Ibrahim entrou para a luta armada, na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Foi preso e torturado. Em setembro de 1969, ele foi trocado pelo embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, que havia sido sequestrado. Nesta foto que reproduzo, Ibrahim (no círculo), embarca, na Base Aérea do Galeão, num Hercules 130 da FAB rumo ao exílio no exterior. À sua direita, está o ex-ministro José Dirceu. Além deles, estavam no avião Vladimir Palmeira, Ricardo Zaratini, Flávio Tavares, Ivens Marchetti, Ricardo Vilas e Gregório Bezerra, entre outros.
Exilado, Ibrahim morou 10 anos no exterior, em países como Chile, Panamá, México e França. O sindicalista voltou ao Brasil em 1979, com a Lei da Anistia. Em 1980, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), ao lado de Lula. Como líder sindical fundador da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ibrahim vinha participando da Comissão da Verdade, com depoimentos sobre a ditadura militar.
José Ibrahim morreu aos 66 anos no dia 3, de infarto, após assistir o seu time de coração, o Corinthians, perder para o Boca Juniors, em Buenos Aires, pela Copa Libertadores da América. Ele foi sepultado no Cemitério Bela Vista, em Osasco.

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