José Ibrahim
ficou conhecido nacionalmente quando, aos 21 anos, em 1968, em plena ditadura
militar, liderou uma das maiores greves de metalúrgicos já realizadas no
Brasil, antes mesmo do surgimento de Luiz Inácio Lula da Silva, que só começou
a comandar paralisações da categoria no fim da década de 70. Em 1968, Ibrahim
era diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, que lutava por melhores
salários. Mas foi no dia 16 de julho do ano seguinte que o movimento fez
história: Ibrahim e sua turma resolveram parar todas as metalúrgicas da cidade
e ocuparam as instalações da Cobrasma, uma das mais importantes fábricas de São
Paulo. Depois, outras grandes empresas, como Barreto Keller, Braseixos,
Granada, Lonaflex e Brown Boveri tiveram suas atividades paralisadas e foram
ocupadas pelos grevistas.
Os militares
reagiram, decretaram a ilegalidade das greves e prenderam 60 líderes, que foram
levados para o Dops paulista, onde foram torturados. Ibrahim foi demitido sem
receber qualquer direito trabalhista.
Começou aí a
sua vida na clandestinidade. Ibrahim entrou para a luta armada, na Vanguarda
Popular Revolucionária (VPR). Foi preso e torturado. Em setembro de 1969, ele
foi trocado pelo embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick,
que havia sido sequestrado. Nesta foto que reproduzo, Ibrahim (no círculo),
embarca, na Base Aérea do Galeão, num Hercules 130 da FAB rumo ao exílio no
exterior. À sua direita, está o ex-ministro José Dirceu. Além deles, estavam no
avião Vladimir Palmeira, Ricardo Zaratini, Flávio Tavares, Ivens Marchetti,
Ricardo Vilas e Gregório Bezerra, entre outros.
Exilado,
Ibrahim morou 10 anos no exterior, em países como Chile, Panamá, México e
França. O sindicalista voltou ao Brasil em 1979, com a Lei da Anistia. Em 1980,
ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), ao lado de Lula. Como líder
sindical fundador da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ibrahim vinha
participando da Comissão da Verdade, com depoimentos sobre a ditadura militar.
José Ibrahim morreu aos 66 anos no dia 3, de
infarto, após assistir o seu time de coração, o Corinthians, perder para o Boca
Juniors, em Buenos Aires, pela Copa Libertadores da América. Ele foi sepultado
no Cemitério Bela Vista, em Osasco.
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